quinta-feira, 28 de setembro de 2017

No Ar pretende seguir voando

     Nossa leitores, não posso negar que a proximidade dos meus 4.0 de idade está começando a pesar (junto com meus quilinhos a mais). Cobrir o festival do Grande Prêmio Paraná 2017 para a Revista Turf Brasil e também para o Falando de Turfe foi muito prazeroso, mas também cansativo.

     O que anima é a confiança e os elogios de turfistas de todo canto do Brasil elogiando nosso trabalho. Então este 'gás' faz com que eu siga criando e inventando coisas novas para divulgar o nosso turfe brasileiro.

     Estando no Hipódromo do Tarumã no último domingo, aproveitei para conversar com o campeão da principal prova do turfe paranaense. Ele mesmo, o cavalo NO AR, que estava mais feliz que pinto no lixo e conversou conosco com muito carinho e atenção.

NO AR em seu momento máximo
CERCA MÓVEL: Como vai No Ar. Que linda vitória no último domingo. Como você está se sentindo?
NO AR: Olá Karol. Estou me sentindo exuberante! Muito feliz pela vitória e satisfeito com tudo que pude fazer pela Coudelaria Baptista, meu criador, e pelo Stud Blue Velvet. Também quero agradecer ao jóquei Antonio Mesquita e ao meu treinador Márcio Ferreira Gusso, que sempre confiou no meu potencial.

CM: Belas palavras No Ar. Você havia participado da mesma carreira em 2016 e chegado em 3º lugar. O que mudou do ano passado para cá?
NA: A dedicação foi maior nos meus treinamentos e o apoio do meu irmão Ponsardin. Ter a família por perto, faz toda a diferença.

CM: Eu bem que observei que você e o Ponsardin tinham muita coisa em comum, mas não sabia que eram irmãos. Ele, inclusive, também venceu no domingo, estreando na Prova Especial Silvio Batista Piotto, não foi isso?
NO AR com seu criador Nestor Baptista
NA: Sim, sem dúvida! Ponsardin é meu irmão inteiro. Somos filhos de Pioneering e If You Want e o nosso avô materno é Giant Gentleman. Ou seja, nós dois fomos criados na Coudelaria Baptista, de Nestor Baptista. Ponsardin foi um divisor de águas para mim. Chegou este ano na cocheira do Marcio Ferreira Gusso, a mesma que eu fico. Sabe como é jovem, cheio de sonhos, objetivos, dizendo que estava feliz por estar ao meu lado. Enfim, toda essa juventude me contagiou e passei a trabalhar mais focado, para ser um exemplo para ele.

CM: Que legal. Quer dizer que o potro acordou o cavalo campeão que existia em você?
NA: Isso mesmo que aconteceu. Passamos a galopar juntos apenas para esquentar, pois nossos trabalhos são distintos. Estou mais focado nas provas longas e ele estava sendo preparado para a carreira em 1.400 metros. Após os trabalhos, conversávamos, trocávamos duvidas. Passei a orientá-lo na forma de como deveria se comportar perante os adversários. Ele foi observando a tudo e seguindo à risca o que conversávamos.

CM: Como foi o papo de vocês no dia do Grande Prêmio Paraná 2017?
NA: O melhor possível! Ponsardin passou cedo no meu box, dizendo que estava inseguro, pois faria uma competição pela primeira vez e ainda teria o jóquei Ângelo Marcio Souza, campeão do Grande Prêmio Brasil 2017, no seu dorso, que seria uma decepção caso corresse pouco com tal piloto. Disse para ele se acalmar, que corridas são corridas. Que depois que o partidor abre, tudo pode acontecer, mas temos que seguir à risca com nosso treinamento e disputar sem olhar para os lados, só para frente. Ponsardin chegou a dizer para mim que estava me enchendo logo num dia tão importante. Que eu correria a principal prova do festival e ele apenas uma Prova Especial. Respondi que ele não poderia jamais desmerecer seus desafios. Muito pelo contrário. Que as dificuldades que eu encontraria por ser um páreo mais duro, ele também encontraria, por estar competindo contra diversos potros sem experiência. Então decidi fazer um trato com ele.

CM: Qual trato?
NA: Sabia que iria perguntar. Combinei que procuraríamos fazer o melhor. Se ele chegasse em 3º no desafio dele, eu faria de tudo para chegar entre os três primeiros no meu desafio. Se fosse 2º, eu tentaria a vitória. Caso ele vencesse, eu teria a obrigação de também vencer.

CM: Ponsardin competiu no 4º páreo e venceu, logo, jogou a responsabilidade para você?
PONSARDIN vencendo seu desafio com A. M. Sousa
NA: Exatamente! Ele já saiu da raia a minha procura, dizendo: 'irmão, eu ganhei! Eu ganhei! Agora você também terá de ganhar para fazermos história aqui no Paraná. Ganha irmão, ganha!' Era só o que Ponsardin falava. Uma empolgação que foi me contagiando pelo lado positivo. Passei a não me preocupar com adversários e apenas a focar no que eu havia treinado, nos bons momentos que passamos juntos nos treinos, nas risadas após os trabalhos. Enfim, corri leve, feliz e confiante. Estes ingredientes fizeram com que eu conseguisse a vitória.

CM: Realmente Ponsardin estava com a razão: vocês fizeram história! Dois irmãos inteiros, ganharem no mesmo dia, duas provas importantes do festival paranaense foi um feito e tanto.
NA: É mesmo! Ainda não parei para medir o quanto nosso feito foi espetacular. Talvez digno de divulgação internacional, mas já fico muito feliz em poder falar sobre isso aqui, no Cerca Móvel.

CM: Agradeço muito No Ar, mas já emendo nova pergunta: qual será seu próximo desafio?
NA: Não depende apenas de mim. Sei que está próximo, mas encararia de boa o GP Bento Gonçalves (G2-2400mA) no próximo dia 21 de outubro, pensando justamente em garantir uma vaga no GP José Pedro Ramirez 2018 (G1-2400mA) e na sequência alinhar no GP Latinoamericano (G1-2000mA). As  últimas duas provas serão realizadas no Uruguai, no Hipódromo de Maroñas, e seria muito bacana, pois caso eu consiga vencer todas elas, sei que farei os ratings do GP Paraná e Bento Gonçalves voltarem a subir. Então seria um objetivo especial para mim.

CM: Objetivos dignos, difíceis, mas não impossíveis. Mas como seria ficar longe do irmão, visto que as provas serão no Uruguai?
Wilson Junior comemora com A. Mesquita a vitória de
NO AR no GP Paraná 2017
NA: Estarmos juntos mudou minha forma de ver as corridas e meus desafios, então sei que agora, talvez, meu maior objetivo seja fazer com que o rating das provas de areia do Brasil voltem a crescer. Isso será uma nova forma de fazer história no nosso país e tenho certeza que Ponsardin irá me apoiar muito!

    Encerrou o bate papo No Ar, nos deixando muito feliz por poder divulgar objetivo tão promissor do cavalo. A torcida para os irmãos será ainda maior daqui para frente. Não esqueçam de passar no nosso blog toda quinta-feira para saber o que os cavalos têm a nos dizer. Aproveitem e divulgue este nosso material.

Textos e fotos: Karol Loureiro

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