quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Eqüinos se rebelam contra o mormo

Como vão leitores fiéis. Esta semana, meu celular e minha caixa de e-mails ficaram abarrotados de mensagens e notícias. O motivo é simples, a revolta dos cavalos de corrida brasileiros com o caso de mormo que apareceu no Sudeste.

“Estão de sacanagem comigo. Estava ansioso com a minha ida para Dubai, em dezembro, e me vem um cavalinho qualquer, lá no ABC paulista, atrapalhar meus planos. Que país é este que não sabe nem fazer uma barreira sanitária digna de nos proteger quanto a casos como esse”, reclamou Snack Bar, potro de 3 anos que venceu o GP Presidente da República (G1-1600mG) no último mês de agosto, no Hipódromo da Gávea.

O filho de Signal Tap e Magma Rock (Jules), criado pelo Haras Santa Maria de Araras, ainda foi mais além. “Tive de usar todo o meu charme no leilão de treinamento, no começo do mês de agosto, para ser adquirido pelo Haras Regina, pois já havia escutado, na cocheira, que o titular da coudelaria levaria alguns cavalos de sua propriedade para os Emirados Árabes.

Por isso corri feito um louco na milha internacional, para comprovar o acerto do meu novo chefe e carimbar meu passaporte. Estava sonhando acordado com o harém que pretendia ter na arábia. Que chato!”, discursou Snack Bar, que em cinco atuações, venceu quatro corridas, sendo as duas últimas na esfera nobre.

Se o castanho do Haras Regina mostrou revolta, quem também estava totalmente cabisbaixo com a possibilidade de não viajar para Dubai foi o potro Embalo.

“Karol, só aqui no CERCA MÓVEL posso falar sobre a minha decepção. Aliás, se os turfistas forem um pouco mais atentos, devem ter percebido que a minha corrida no GP Ricardo Lara Vidigal (G3-2000mA) foi atípica já por conta disso.

Quando ouvi os boatos na cocheira do Tolú dando conta de que os cavalos brasileiros não poderiam ser exportados para a Europa, nem para os Emirados Árabes, me bateu uma tristeza tremenda. Estou me sentindo muito bem, sendo que fui comprado para ir fazer sucesso em Dubai.

Quero receber os petrodólares e virar uma celebridade por lá. Eu mereço. Conheço meu potencial na raia de areia. Só corri abaixo do que sou capaz no último sábado, no Hipódromo de Cidade Jardim, porque estava muito chateado. Mas vamos esperar para ver se algo de novo acontece”, torce o filho de Boatman e Shirley Purple (Purple Mountain), criado pelo Haras Santa Verônica.

Se os cavalos que tinham chance de ir para os Emirados Árabes estavam chateado com a grande possibilidade da não participarem do Carnival, em janeiro de 2010, outros que tinham em mente atuar em países vizinhos também estão descontentes.

“Só pode ser uma piada de mal gosto esse caso de mormo encontrado no começo desse mês em Santo André. Eu moro no Centro de Treinamento Porto Feliz, distante mais de 100km do local. Não pretendo passar nem perto de onde encontraram o tal cavalo com a doença. Sei que o mesmo foi sacrificado assim que diagnosticaram a enfermidade, mas o que eu tenho com isso?

O que não pode acontecer é eu ser impedido de ir à Argentina participar do GP Carlos Pellegrini (G1-2400mG), em dezembro, no Hipodromo de San Isidro. Desde corri o GP Brasil (G1-2400mG), onde mais uma vez sofri com os percalços do caminho, que só penso na prova máxima portenha.

Seja conduzido por Jorge Ricardo, ou com Altair Domingos, ou com qualquer um, quero ir para a Argentina, pois sei que vou vencer a carreira. O que não pode acontecer é eu ficar de fora por conta do governo brasileiro que não sabe utilizar uma barreira sanitária correta e prejudica cavalos da raça puro-sangue inglês que estão em campanha”, desabafou o filho de Jules e Jamaica Road (Ghadeer), nascido nos campos do Haras Santa Maria de Araras e que soma cinco vitórias na campanha, sendo quatro em Grupo 1.

Se por um lado Quick Road mostra sua revolta, no box ao lado, o companheiro de cocheira Top Hat nem dá bola.

“Esse caso de mormo será uma boa desculpa para os corredores de outros países desistirem de me enfrentar em março no GP Latinoamericano (G1-2000mG), no Hipódromo de Cidade Jardim. Não estou nem um pouco preocupado quanto a isso. Sou o recordista da distância no Jockey Club de São Paulo.

Não quero desmerecer nenhum adversário, mas se pensam que pelo fato de estar com 6 anos eu não assusto, tenho dó deles. Aliás, basta que eles assistam a minha vitória no Grande Prêmio Brasil 2008 (G1-2400mG) para entenderem do que estou falando.

Estou descansando para no próximo mês iniciar os trabalhos. Quero estar 100% pronto para encerrar a minha campanha com mais uma vitória em prova de Grupo 1, afinal de contas, das minhas 11 conquistas, apenas três foram de Grupo 1. Mereço fechar com chave de ouro”, falou tranqüilo o defensor do Stud JCM, que é filho de Royal Academy e Tavira (Effervescing), criado pelo Haras São José da Serra.

Ao menos, alguém precisava mostrar tranqüilidade com o horror que está causando esse caso de mormo brasileiro. Até a próxima!

Um comentário:

Marco Aurélio Ribeiro disse...

Minha cara,

Tudo que for possível para que se preste atenção nesta doença é super válido. É mais um serviço que vc presta para o mundo do turfe. Só faltou você no show do Antonio Villeroy. Foi o máximo. Bom retorno!

Marco